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22/02/2016

Transplante de fezes?? Sim, existe

À primeira vista parece estranho, nojento e repulsivo, mas transplantes de fezes humanas existem e apesar da técnica estar em fase experimental em muitos países, diversos pacientes pelo mundo já se beneficiaram com esse tratamento.
           
No início de 2013, um estudo holandês, o primeiro a testar a eficácia de um transplante de fezes para tratar pacientes com infecção intestinal, em comparação com o uso de antibióticos normais, foi publicado e os resultados aparecem na revista científica "The New England Journal of Medicine".  O Estudo relatou que a técnica é mais eficaz na cura para doença que causa diarreia constante que tomar apenas antibiótico. Com o  transplante a microbiota intestinal é reconstruída.

O transplante parece ser a única alternativa de cura para pacientes que sofrem da chamada colite pseudomembranosa, que causa diarreias persistentes, que podem levar à desidratação e até à infecção generalizada. Esse tipo de colite é causado pelas toxinas da bactéria Clostridium difficile, que normalmente habita a microbiota intestinal de cerca de 10% das pessoas, mas costuma não incomodar porque há um equilíbrio natural entre as bactérias. Em geral, o problema surge por conta da ingestão contínua de antibióticos de largo espectro, ou seja, que matam vários tipos de bactérias. A C. difficile é resistente a esses medicamentos e, sem outras bactérias no mesmo ambiente, ela fica livre para agir, provocando um desequilíbrio e, consequentemente, as diarreias persistentes. Desse modo, o transplante de fezes de um indivíduo saudável para outro com infecção intestinal grave pode  reequilibrar rapidamente a microbiota bacteriana, impedindo assim o livre crescimento da C. difficile.
 
O transplante geralmente é feito por meio de uma infusão de fezes realizada por uma sonda no nariz do paciente, chegando ao duodeno, ou ainda por meio de uma endoscopia – os pacientes são sedados e, por meio do endoscópio, as fezes são infundidas direto no jejuno. A técnica usa fezes de duas pessoas - geralmente da mesma família – para melhorar a quantidade e a qualidade das bactérias. As fezes passam por sorologias, depois são misturadas em soro fisiológico e centrifugadas, antes de serem infundidas no doente. Ao ser aplicada no jejuno, as fezes vão “repovoando” a microbiota intestinal com novas bactérias e, por conta dessa competição, o C. difficile morre. Em muitos casos, o problema sessa já na primeira infusão. Apesar de desconhecido por muitos, o problema é bastante comum. Já se fala em usar essa técnica em outras doenças intestinais.

A técnica já foi usada em pelo menos 500 pessoas em todo o mundo, como último recurso para combater esse tipo de infecção. Segundo o jornal "The New York Times" 300 mil americanos ficam doentes em hospitais por ano em decorrência do C. difficile e 14 mil morrem anualmente. Isso porque cepas cada vez mais tóxicas têm surgido, e os custos de tratamento ultrapassam os R$ 2 bilhões a cada ano. 

O que não se sabe ainda é quais bactérias do intestino têm poderes "curativos", já que o órgão contém centenas ou até milhares de tipos de microrganismos. Por essa razão, as fezes têm sido transplantadas praticamente intactas, apenas diluídas em líquido.

No Brasil, o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, no início de 2013 realizou dois desses procedimentos inusitados, até então, inéditos no país.
  
Para saber mais:

Fonte: 
O texto acima foi adaptado a partir das seguintes reportagens: 
*http://www.estadao.com.br/noticias/geral,transplante-de-fezes-vira-arma-contra-tipo-de-colite-imp-,1014888;
*http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/01/transplante-de-fezes-e-usado-para-tratar-infeccao-intestinal.html.







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