À primeira
vista parece estranho, nojento e repulsivo, mas transplantes de fezes humanas
existem e apesar da técnica estar em fase experimental em muitos países,
diversos pacientes pelo mundo já se beneficiaram com esse tratamento.
No início
de 2013, um estudo holandês, o primeiro a testar a eficácia de um transplante
de fezes para tratar pacientes com infecção intestinal, em comparação com o uso
de antibióticos normais, foi publicado e os resultados aparecem na revista
científica "The New England Journal of Medicine". O Estudo relatou que a técnica é mais eficaz na
cura para doença que causa diarreia constante que tomar apenas antibiótico. Com
o transplante a microbiota intestinal é
reconstruída.
O
transplante parece ser a única alternativa de cura para pacientes que sofrem da
chamada colite pseudomembranosa, que causa diarreias persistentes, que podem
levar à desidratação e até à infecção generalizada. Esse tipo de colite é
causado pelas toxinas da bactéria Clostridium
difficile, que normalmente habita a microbiota intestinal de cerca de 10%
das pessoas, mas costuma não incomodar porque há um equilíbrio natural entre as
bactérias. Em geral, o problema surge por conta da ingestão contínua de
antibióticos de largo espectro, ou seja, que matam vários tipos de bactérias. A
C. difficile é resistente a esses medicamentos e, sem outras bactérias
no mesmo ambiente, ela fica livre para agir, provocando um desequilíbrio e,
consequentemente, as diarreias persistentes. Desse modo, o transplante de fezes
de um indivíduo saudável para outro com infecção intestinal grave pode reequilibrar rapidamente a microbiota bacteriana,
impedindo assim o livre crescimento da C. difficile.
O
transplante geralmente é feito por meio de uma infusão de fezes realizada por
uma sonda no nariz do paciente, chegando ao duodeno, ou ainda por meio de uma
endoscopia – os pacientes são sedados e, por meio do endoscópio, as fezes são
infundidas direto no jejuno. A técnica usa fezes de duas pessoas - geralmente
da mesma família – para melhorar a quantidade e a qualidade das bactérias. As
fezes passam por sorologias, depois são misturadas em soro fisiológico e
centrifugadas, antes de serem infundidas no doente. Ao ser aplicada no jejuno,
as fezes vão “repovoando” a microbiota intestinal com novas bactérias e, por
conta dessa competição, o C. difficile morre. Em muitos casos, o
problema sessa já na primeira infusão. Apesar de desconhecido por muitos, o
problema é bastante comum. Já se fala em usar essa técnica em outras doenças
intestinais.
A técnica já foi usada em pelo menos 500 pessoas em todo o mundo, como último recurso para combater esse tipo de infecção. Segundo o jornal "The New York Times" 300 mil americanos ficam doentes em hospitais por ano em decorrência do C. difficile e 14 mil morrem anualmente. Isso porque cepas cada vez mais tóxicas têm surgido, e os custos de tratamento ultrapassam os R$ 2 bilhões a cada ano.
O que não se sabe ainda é quais bactérias do intestino têm poderes "curativos", já que o órgão contém centenas ou até milhares de tipos de microrganismos. Por essa razão, as fezes têm sido transplantadas praticamente intactas, apenas diluídas em líquido.
No Brasil, o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, no início de 2013 realizou dois desses procedimentos inusitados, até então, inéditos no país.
Para saber mais:
Fonte:
O texto acima foi adaptado a partir das seguintes reportagens:
*http://www.estadao.com.br/noticias/geral,transplante-de-fezes-vira-arma-contra-tipo-de-colite-imp-,1014888;
*http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/01/transplante-de-fezes-e-usado-para-tratar-infeccao-intestinal.html.
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