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19/03/2016

Deveríamos comer insetos?

Durante séculos as pessoas consumiram insetos, de besouros a lagartas, louva-a-deus, gafanhotos, cupins e libélulas. A prática tem inclusive um nome: Entomofagia. Os coletores e caçadores primitivos provavelmente aprenderam com animais que se alimentavam de insetos ricos em proteínas e seguiram o exemplo. Quando evoluímos os insetos se tornaram parte de nossa dieta tradicional, eles desempenhavam o papel de alimento essencial e petisco. Na Grécia antiga, cigarras eram consideradas iguaria de luxo. E mesmo os romanos achavam as larvas de besouros deliciosas. Então, porque perdemos nosso gosto por insetos?
A razão para nossa rejeição é histórica e provavelmente começa por volta de 10.000 a.C., no Crescente Fértil, uma região do oriente médio que foi o principal berço da agricultura. Naquela época, nossos ancestrais então nômades, começaram a se estabelecer no Crescente. E, à medida que aprenderam a cultivar e domesticar animais ali, as atitudes mudaram, estendendo-se em direção à Europa e ao restante do mundo ocidental. Quando o cultivo se desenvolveu as pessoas devem ter repelido os insetos como pestes que destruíam as colheitas. As populações cresceram e o ocidente se tornou urbanizado, enfraquecendo as ligações com nossos hábitos alimentares do passado. As pessoas simplesmente esqueceram sua história rica em insetos. 

Hoje para pessoas não acostumadas à entomofagia, insetos são apenas irritantes. Eles dão picadas e ferroadas e infestam nossa comida. Sentimos um “fator repulsa” associados a eles e ficamos nauseados com a perspectiva de cozinhar insetos. 
Aproximadamente 2.000 espécies de insetos são transformados em comida, produzindo uma grande parte da dieta cotidiana para 2 bilhões de pessoas ao redor do mundo. Os consumidores nos trópicos são os mais entusiásticos porque culturalmente é aceitável. As espécies nessas regiões também são maiores, diversas e tendem a se reunir em grupos ou enxames, o que torna mais fácil capturá-los. Veja o Camboja, no sudeste da Ásia, onde enormes tarântulas são apanhadas, fritas e vendidas nas feiras. No sul da África, a suculenta lagarta “mopane” é um alimento essencial, fervida em um molho picante ou ingerida seca e salgada. E no México, percevejos jumiles são picados e tostados com alho, limão e sal. Os insetos podem ser comidos inteiros como refeição, ou triturados em farinha, pó ou pasta para se adicionar a comida. 

Mas não é só uma questão de gosto. Eles também são saudáveis. Na verdade, os cientistas dizem que a entomofagia poderia ser uma solução de baixo custo para países em desenvolvimento com problemas de fornecimento de alimentos. Os insetos podem conter até 80% de proteínas, os blocos construtores vitais do corpo e também têm grande quantidade de gordura rica em energia, fibras e micronutrientes como vitaminas e minerais.
Você sabia que a maioria dos insetos comestíveis contém a mesma quantia ou até mais ferro mineral que a carne bovina, tornando-se um recurso enorme e inexplorado, quando você considera que a deficiência de ferro é atualmente o problema nutricional mais comum no mundo?
A larva de farinha é um outro exemplo nutritivo. As larvas do besouro amarelo são nativas dos Estados Unidos e fáceis de cultivar. Elas têm grande quantidade de vitaminas, muitos minerais saudáveis e podem conter até 50% de proteínas, quase tanto quanto a quantia equivalente de carne bovina. Para cozinhar, simplesmente refogue em manteiga e sal, ou asse e polvilhe com chocolate para um lanche crocante. O que você tem que superar no “fator repulsa”, você ganha em nutrição e sabor. 

De fato, insetos podem ser deliciosos. Larvas de farinha têm o sabor de nozes torradas. Gafanhotos são semelhantes ao camarão. Grilos, dizem algumas pessoas, tem o aroma de pipoca.
Criar insetos como alimentos também tem menos impacto ambiental, que criar gado, porque insetos emitem muito menos gás estufa usam menos espaço, água e comida. No aspecto socioeconômico a produção de insetos poderia melhorar a vida das pessoas em países em desenvolvimento, já que fazendas de insetos podem ser pequenas, altamente produtivas e também de manutenção relativamente barata. Insetos também podem ser transformados em comida mais sustentável para o gado e podem ser criados em resíduos orgânicos, com cascas de vegetais que, de outra maneira, acabariam apodrecendo em aterros. 

Sentindo fome? Diante de um prato de grilos fritos, a maioria das pessoas ainda recuaria, imaginando todas aquelas pernas e antenas enroscadas nos dentes. Mas pense em uma lagosta. É como um inseto gigante com abundância de pernas e antenas que já foi considerada como um alimento inferior e repulsivo. Agora, lagosta é um petisco.

Poderia acontecer a mesma mudança de paradigma com os insetos? Então tente. Jogue aquele inseto em sua boca e sinta como é crocante.

(Texto criado a partir do vídeo "Deveríamos comer insetos? produzido pelo TED-ED: https://youtu.be/rDqXwUS402I).



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