A
razão para nossa rejeição é histórica e provavelmente começa
por volta de 10.000 a.C., no Crescente Fértil, uma região do
oriente médio que foi o principal berço da agricultura. Naquela
época, nossos ancestrais então nômades, começaram a se
estabelecer no Crescente. E, à medida que aprenderam a cultivar e
domesticar animais ali, as atitudes mudaram, estendendo-se em direção
à Europa e ao restante do mundo ocidental. Quando o cultivo se
desenvolveu as pessoas devem ter repelido os insetos como pestes que
destruíam as colheitas. As populações cresceram e o ocidente se
tornou urbanizado, enfraquecendo as ligações com nossos hábitos
alimentares do passado. As pessoas simplesmente esqueceram sua
história rica em insetos.
Aproximadamente
2.000 espécies de insetos são transformados em comida, produzindo
uma grande parte da dieta cotidiana para 2 bilhões de pessoas ao
redor do mundo. Os consumidores nos trópicos são os mais
entusiásticos porque culturalmente é aceitável. As espécies
nessas regiões também são maiores, diversas e tendem a se reunir
em grupos ou enxames, o que torna mais fácil capturá-los. Veja o
Camboja, no sudeste da Ásia, onde enormes tarântulas são
apanhadas, fritas e vendidas nas feiras. No sul da África, a
suculenta lagarta “mopane” é um alimento essencial, fervida em
um molho picante ou ingerida seca e salgada. E no México, percevejos
jumiles são picados e tostados com alho, limão e sal. Os insetos
podem ser comidos inteiros como refeição, ou triturados em farinha,
pó ou pasta para se adicionar a comida.
Mas não é só uma questão de gosto. Eles também são saudáveis. Na verdade, os cientistas dizem que a entomofagia poderia ser uma solução de baixo custo para países em desenvolvimento com problemas de fornecimento de alimentos. Os insetos podem conter até 80% de proteínas, os blocos construtores vitais do corpo e também têm grande quantidade de gordura rica em energia, fibras e micronutrientes como vitaminas e minerais.
Você
sabia que a maioria dos insetos comestíveis contém a mesma quantia
ou até mais ferro mineral que a carne bovina, tornando-se um recurso
enorme e inexplorado, quando você considera que a deficiência de
ferro é atualmente o problema nutricional mais comum no mundo?
A
larva de farinha é um outro exemplo nutritivo. As larvas do besouro
amarelo são nativas dos Estados Unidos e fáceis de cultivar. Elas
têm grande quantidade de vitaminas, muitos minerais saudáveis e
podem conter até 50% de proteínas, quase tanto quanto a quantia
equivalente de carne bovina. Para cozinhar, simplesmente refogue em
manteiga e sal, ou asse e polvilhe com chocolate para um lanche
crocante. O que você tem que superar no “fator repulsa”, você
ganha em nutrição e sabor.
De
fato, insetos podem ser deliciosos. Larvas de farinha têm o sabor de
nozes torradas. Gafanhotos são semelhantes ao camarão. Grilos,
dizem algumas pessoas, tem o aroma de pipoca.
Criar
insetos como alimentos também tem menos impacto ambiental, que criar
gado, porque insetos emitem muito menos gás estufa usam menos
espaço, água e comida. No aspecto socioeconômico a produção de
insetos poderia melhorar a vida das pessoas em países em
desenvolvimento, já que fazendas de insetos podem ser pequenas,
altamente produtivas e também de manutenção relativamente barata.
Insetos também podem ser transformados em comida mais sustentável
para o gado e podem ser criados em resíduos orgânicos, com cascas
de vegetais que, de outra maneira, acabariam apodrecendo em aterros.
Sentindo fome? Diante de um prato de grilos fritos, a maioria das pessoas ainda recuaria, imaginando todas aquelas pernas e antenas enroscadas nos dentes. Mas pense em uma lagosta. É como um inseto gigante com abundância de pernas e antenas que já foi considerada como um alimento inferior e repulsivo. Agora, lagosta é um petisco.
Poderia acontecer a mesma mudança de paradigma com os insetos? Então tente. Jogue aquele inseto em sua boca e sinta como é crocante.
(Texto criado a partir do vídeo "Deveríamos comer insetos? produzido pelo TED-ED: https://youtu.be/rDqXwUS402I).
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